A família que nasceu para o Tiro Prático

A 4ª edição da Revista SHOOTERS apresenta uma matéria que fez com uma família que vive seus dias para o Tiro Prático. A história começa em outubro de 1990, quando o empresário, Reginaldo Braz Oechsler conheceu a também empresária, Tânia Fiorini Oechsler, em uma corrida de motocross. Em dezembro daquele ano, começaram a namorar, se casaram em 1995 e anos depois, vieram os filhos, Nicolas e Fiorini Oechsler (2001) e Catarina Fiorini Oechsler (2005). O pai, mais conhecido como Kuki, sempre foi um apaixonado por esportes e além do motocross, praticou também mergulho, esportes com cavalos e tiro esportivo desde 1995, no clube Blumenauense. Os anos foram se passando e a família teve que decidir um esporte em que todos pudessem participar, e o gosto pelas armas de fogo falou mais alto. Aos oito anos, Nicolas começou a frequentar o clube de tiro que o pai, Kuki era filiado. A paixão dele por armas foi instantânea. Aos 11 anos (2012), a família conseguiu a tão sonhada autorização judicial para Nicolas competir. A conquista foi contagiante. A irmã, Catarina, ainda mais precoce, aos nove anos (2014), também conseguiu autorização judicial e começou a competir. Para completar, a mãe, Tânia, também se apaixonou pelo tiro esportivo e começou a dar os primeiros disparos. A escolha da família pelo IPSC De acordo com Kuki e Tânia, a escolha da família pela prática do IPSC levou em consideração a paixão, o dinamismo do esporte e a possibilidade de todos participarem: “Escolhemos o IPSC por pura paixão, esporte dinâmico onde toda família podia ficar e praticar junta. No início, somente o Nicolas e eu (Kuki) competíamos. Nossa filha, Catarina, desde cedo também queria participar. Aos 9 anos, ela iniciou no esporte. Neste momento, tivemos que encher ainda mais o polvorímetro, porque a Tânia também se apaixonou pelo esporte e iniciou no tiro prático”, afirmam. Confira a íntegra da entrevista com a família: Como e quando entraram para o mundo do Tiro Prático? Nicolas: Comecei a praticar e a competir no Tiro Prático em 2012. Sempre acompanhei meu pai em suas idas ao Clube de Caça e Tiro, sendo que ele já vinha participando das pistas de IPSC que aconteciam no clube. Um dia meu pai me perguntou se eu gostaria de fazer uma pista, respondi que sim. Então a frequência na qual participávamos do IPSC cresceu, começamos a participar de campeonatos e não paramos mais. Catarina: Comecei a atirar por influência do meu pai e do meu irmão. Eu e minha mãe ainda não participávamos e decidimos começar de arma longa, mais tarde mudamos para o Handgun. Com 9 anos comecei de mini rifle e logo de cara me apaixonei! Por que escolheram o IPSC como modalidade do Tiro Prático a ser seguida? Nicolas: Por ser a modalidade, na minha opinião, mais divertida. Um esporte enérgico e, cada vez mais, de performance. Já pratiquei outras modalidades de Tiro Prático, todas muito boas, porém, o IPSC é a rainha de todas. Catarina: Eu prefiro o IPSC pelo fato de ser um esporte dinâmico, exigindo precisão, potência e velocidade, que são os princípios do Tiro Prático (DVC). Qual foi a documentação legal que tiveram que obter na justiça quando começaram a atirar? Nicolas: Aos 11 anos obtive minha autorização judicial permitindo a prática do esporte acompanhado de um dos genitores, meu pai ou minha mãe. A partir de 14 anos tirei meu Certificado de Registro (CR). Tive de utilizar ambos os documentos para atirar até os 18 anos, após essa idade, somente o CR já foi suficiente. Catarina: Aos 9 anos eu já tinha autorização judicial e aos 11, tinha meu Certificado de Registro, sendo um dos mais novos já emitidos no país. Vocês competem com jovens da idade de vocês? Qual é a Divisão e qual é a arma escolhida? Nicolas: Está aí mais um dos pontos altos do IPSC, a meu ver. A classificação inclui o geral (overall) e as categorias, caso você se encaixe em alguma. No meu caso somente participo do Overall, pois já atingi a idade máxima que a categoria Júnior permite, 21 anos. Eu disparo na divisão Production, a mais disputada no Brasil e no mundo. Utilizo uma Tanfoglio, modelo Stock 2 em calibre 9mm. Catarina: Eu poderia competir com jovens da minha idade, porém não teria muita concorrência, por isso prefiro atirar na categoria Damas, competindo com mulheres de diferentes idades (todas mais velhas que eu). Atiro na divisão Production, com uma Tanfoglio Stock 2, calibre 9mm, amo demais! Quantos dias da semana vocês treinam? Em média quantos disparos realizam por semana? Nicolas: Eu procuro treinar no mínimo 5 vezes por semana. Com os treinos divididos entre treinos em seco e treinos no clube de tiro. A quantidade de disparos varia conforme a época do ano, quanto mais próximo de competições, mais munição é usada. Em média eu utilizo uns 300 tiros por semana, em treinos regulares. Catarina: Durante a semana tentamos treinar em seco, que seria a movimentação necessária e mais rápida, e aos finais de semana priorizamos o treino no clube, nos quais efetuamos em média 300 disparos. A prática do IPSC é dinâmica e movimentada. Como vocês conseguem chegar ao equilíbrio físico e emocional que este esporte exige? [caption id="attachment_7400" align="alignleft" width="1024"] Nicolas e Catarina são promessas do tiro prático brasileiro. (Crédito: Arquivo Pessoa)[/caption] Nicolas: Para se atingir bons resultados é fundamental que haja não somente um treino técnico e específico, mas também treinamentos continentes para o corpo e a mente. Catarina: Desde sempre gostei de fazer esportes na escola, mas hoje preferimos fazer um treinamento na academia com personal. Quais são as referências dentro do IPSC de vocês? Nicolas: Hoje minha principal referência é o cara que me treina, acredito ser extremamente privilegiado por isso. Me espelho muito no Jaime Saldanha Jr., como atleta e pessoa, sempre buscando aplicar seus ensinamentos da melhor forma possível, tanto no esporte quanto na vida. Catarina : Minha maior referência dentro do Brasil é o Jaime Saldanha Jr., que nos proporciona treinamentos e é alguém que eu admiro muito, por toda dedicação dentro do esporte. Outra referência é o meu irmão, que puxa minha orelha e faz com que eu evolua cada vez mais, para chegar no nível dele. Promessas do Tiro Prático brasileiro Quais as principais conquistas? Nicolas: Diversas vezes campeão brasileiro júnior, vice-campeão brasileiro overall, campeão latino americano júnior e 5º colocado júnior no mundial da França, em 2017. Porém, acredito que algumas conquistas não são meramente representadas por um lugar no pódio, ainda que no mais alto. Catarina: 2017 - Campeã brasileira Light Junior; 2020, 2021 - Vice-campeã brasileira Production Damas; 2022 - Campeã na Copa das Américas (competição internacional); E lidero o ranking nacional atual da Production Damas. O que almejam dentro do Tiro Prático? Nicolas: A principal meta é sempre continuar atirando. Além desta, conseguir boas colocações no âmbito nacional, onde o nível da competição aumenta a cada ano, na América e no mundo. Catarina: Pretendo ficar campeã na Production Damas esse ano, e nos próximos também. Almejo um bom resultado no Pan-Americano nesse ano, além da experiência no mundial, com uma evolução constante e muita diversão. A longo prazo, mais bons resultados em campeonatos internacionais. Perguntas para os pais, Reginaldo Oechsler e Tânia Fiorini Oechsler: [caption id="attachment_7399" align="alignleft" width="199"] Reginaldo Braz Oechsler foi o primeiro integrante da família dele a começar a atirar. (Crédito: Arquivo Pessoal)[/caption] Quais as referências de vocês neste esporte? Tânia/ Reginaldo: Nossas referências são nossos grandes amigos, pessoas exemplares que o esporte nos apresentou: Jaime e Roberto Saldanha, Guga Ribas, Lucimar Domingues, entre outros. Quais os objetivos? Tânia/Reginaldo: Temos como objetivo sempre evoluir no esporte e conseguir dar todo o apoio necessário para o Nicolas e a Catarina que crescem e se destacam cada vez mais no Tiro Prático no Brasil. [caption id="attachment_7402" align="alignright" width="300"] Tânia Fiorini Oechsler durante uma competição de tiro prático. (Crédito: Arquivo Pessoal)[/caption] Como enxergam a participação dos filhos de vocês no Tiro Prático? Tânia/Reginaldo: Apesar de que no Brasil esse esporte é oneroso e burocrático, somos resilientes, o tiro nos une, nossos amigos são amigos dos nossos filhos, isso por si só, já é uma vitória. Na verdade, o direcionamento do tiro é em função dos nossos filhos, que começaram cedo e têm condições de alcançar bons resultados e serem bem reconhecidos, inclusive mundialmente.