Cristiano Furtado, o guia brasileiro de safáris de caça de animais na África

Foi reaberta em fevereiro de 2022, a caça no continente africano. A atividade havia sido suspensa no início de 2020, em consequência da pandemia de Covid-19. E para conhecer um pouco sobre este universo, a 4ª edição da Revista SHOOTERS traz uma super matéria com o Professional Hunter (PH – Caçador Profissional), Cristiano Lopes Furtado, que guia safáris de caça de animais em solo africano há cinco anos. Cristiano Furtado é um engenheiro agrônomo de formação, tem 45 anos de idade, nasceu e mora atualmente na cidade de Formosa, em Goiás, e caça desde criança, quando tinha sete anos. O início de Cristiano no mundo da caça A experiência do caçador é vasta e ele possui milhares de animais abatidos no currículo. Mas, para chegar ao nível de guiar clientes em safáris de caça na África, Cristiano começou bem cedo, seguindo os passos dos antepassados dele. “Sou filho e neto de caçadores. Meus avós maternos e paternos eram grandes caçadores. Meu bisavô materno fazia verdadeiros safáris de caça nas décadas de 30 e 40 nos sertões selvagens de Goiás e Minas Gerais. Então, a caça é algo que sempre esteve em minha família. Nasci caçador, desde muito criança as minhas brincadeiras já eram simulações de caçadas de perdizes e patos. Fomentando esse instinto que já nasceu comigo, tenho o meu pai que sempre me levou, ensinou e me incentivou no mundo da caça. Ganhei meu primeiro estilingue aos 7 anos, e a minha primeira espingarda calibre 28, aos 13. Tínhamos fazendas onde passávamos as férias escolares sempre caçando. O resto foi apenas uma evolução natural de tudo isso”, lembra Cristiano. A oportunidade de guiar safáris de caça de animais na África Após muita experiência caçando em terras brasileiras, surgiu há cinco anos, de forma inusitada, a oportunidade de conhecer novos horizontes no mundo da caça. “Em determinada fase da minha vida de caçador, senti a necessidade de escrever um livro contando sobre as minhas aventuras e viagens pelo interior do Brasil. Dessa ideia, surgiu meu primeiro livro “coisas do mato”. Por um lance de sorte, um exemplar desse livro chegou às mãos de um grande caçador profissional em Lisboa, Portugal. Ele se chama Manuel Vassalo. Um dia ele me ligou e disse que tinha lido o meu livro e tinha gostado muito. Disse ainda que estaria se aposentando em dois anos, e procurava um caçador para dar sequência ao trabalho dele, que eu tinha um coração de caçador e me convidou para ir a Lisboa, falar pessoalmente com ele. Larguei tudo e fui. Passei lá quatro dias incríveis, conversamos muito e caçamos um gamo nas montanhas de Évora. Quando voltei, pedi demissão de um trabalho como engenheiro agrônomo, coloquei uma mochila nas costas e uma semana depois já atendíamos os primeiros clientes dele em uma fazenda de caça em Moçambique. Fiquei com ele dois anos e aprendi muito. Depois disso, ele se aposentou e eu continuei a minha carreira, que apesar de tantas dificuldades iniciais, hoje está sólida e já me proporciona retorno financeiro suficiente para me concentrar só nisso: guiar clientes em safáris na África”, pontua o caçador. Os países onde Cristiano caçou e guiou safáris Além de guiar safáris de caça no continente africano, Cristiano Furtado também já caçou em Portugal, Espanha e recentemente caçou no extremo sul da América do Sul. “Trabalho hoje na África do Sul e Moçambique. Em Moçambique são caçadas em áreas completamente selvagens, acampamentos. Pouco conforto, caminhadas infinitas e poucos tiros em grandes troféus, quase sempre leão, leopardo e búfalo. É uma caçada mais rústica, porém mais cara. É muito emocionante. Na África do Sul, onde mais trabalho, tenho parceria com uma ótima fazenda de caça. Esta fazenda, além de muito conforto, luxo e de ser muito grande, possui uma estrutura incrível e o acesso exclusivo à mais de outras dez propriedades nas imediações, onde caçamos várias espécies de antílopes e alguns big five (cinco grandes animais – rinoceronte, elefante, leão, leopardo e búfalo). Recentemente, também fiz uma parceria com um ótimo coto de caça na Argentina, já estou levando clientes brasileiros para caçadas de patos, gansos, perdizes e pombas, e no próximo ano, também teremos a opção de uma caçada selvagem nas montanhas de La Pampa, na Argentina. Por lá, caçaremos o belíssimo veado-vermelho durante a estação da brama, que é o cio das fêmeas e as lutas dos machos. Faremos acampamentos nas montanhas e caçaremos a pé, a partir desses acampamentos. Uma aventura incrível, em um lugar maravilhoso”, enfatiza. As regras para caçar na África O caçador explica que existem fazendas para caça na África e que cada animal abatido dentro destes territórios, são repostos pelo proprietário da área, mantendo assim, o ciclo e preservação. “Na África, os animais que estão dentro das fazendas são propriedade dos fazendeiros. Cabe a eles manejá-los, caçá-los e repô-los quando são caçados. Para cada animal caçado em uma fazenda de caça na África do Sul, o Governo recebe uma porcentagem em forma de licença de caça. Esse dinheiro é usado para proteger dos caçadores ilegais parques enormes como o Kruger, onde não há caça, só safáris fotográficos. Existem fazendas que criam animais para repor os animais caçados nas fazendas de caça. Desta forma, as espécies jamais entrarão em risco de extinção. O negócio da caça na África do Sul é hoje uma enorme cadeia de negócios, abrangendo milhares de profissionais das mais diversas áreas. Existem empresas especializadas na captura e no transporte seguro dos animais de caça das fazendas de criação até as fazendas de caça. Existem empresas que fazem as cercas em volta da fazenda, e milhares de empresas de taxidermia, milhares de lojas de armas, munições, roupas de caça, chapéus e botas. Todas essas empresas empregam milhares de pessoas e recolhem milhões de dólares em impostos para o governo sul-africano. Tudo roda perfeitamente sincronizado e por causa da regulamentação da caça, a África do Sul é hoje o país que mais recebe turistas em todo continente africano”, explica. O que uma pessoa deve fazer para caçar animais com Cristiano na África De acordo com o caçador, para caçar com ele em solo africano, precisa seguir algumas etapas e pagar valores como passagem aérea, custo fixo pago à fazenda onde irá caçar e o valor de cada animal abatido. “Primeiramente a pessoa deve ter um passaporte válido. Depois, precisa entrar em contato comigo para combinarmos data e valores. O custo de uma caçada na África do Sul hoje se resume a uma passagem aérea de Guarulhos (SP) a Joanesburgo (África do Sul), que varia entre 900 a 1000 dólares, ida e volta. A segunda despesa é um custo fixo pago à fazenda de caça. Esse custo engloba: transporte interno na África do Sul (ida e volta aeroporto fazenda), turismo em lojas de armas e acessórios de caça, turismo em feiras artesanais e de troféus de caça. Engloba também o salário dos guias de caça e pisteiros africanos, armas, munições, hospedagem, comida e bebida, inclusive bebidas alcoólicas. Tudo isso pelo valor de apenas 2.500 dólares por caçador. Além da passagem aérea Brasil/África e o custo fixo de 2.500 dólares, o cliente pagará também os animais que caçar. Contamos lá com mais de 40 espécies que podem ser caçadas. Os mais baratos são os javalis e alguns antílopes, que custam em média 350 dólares, e os mais caros são os rinocerontes e elefantes, que custam em média 45 mil dólares. As caçadas duram sete dias. Como podem ver é possível viajar para um paraíso da caça na África e passar sete dias incríveis, em um safári abatendo um javali e três belos antílopes de espécies diferentes, gastando menos de 5 mil dólares. Ainda mais agora que o dólar vem perdendo valor em relação ao real brasileiro”, detalha Cristiano. Quais os animais são mais almejados para caça neste continente? “Os animais que os caçadores mais querem são, sem dúvidas, os javalis africanos e os antílopes, que têm faixa máxima de preço de 1.500 dólares. Acontece bastante de caçarmos também antílopes mais nobres como o Sable ou o Kudo, que custam de 2.500 a 5.000 dólares. Ocasionalmente, também aparece cliente para búfalos, leões e leopardos”, conta. Em relação à carne dos animais que são caçados, qual é o destino? Em Moçambique, terras selvagens, toda a carne é doada para aldeias da região, que em troca, não invadem a área das fazendas de caça para praticar a caça ilegal ou colocar armadilhas. Na África do Sul, a carne é armazenada em grandes câmaras frias nas fazendas, e posteriormente são enviadas para cidades onde existem açougues populares. Lá, essa carne é vendida a um preço muito baixo para a população menos favorecida, uma vez que a carne bovina na África do Sul é muito cara.