Mulher no tiro

Forte, destemida, corajosa. São palavras que definem a atiradora, Dália Amorim. Atualmente, a praticante da modalidade de IPSC Handgun mora na cidade de Atibaia (SP), mas para contar um pouco mais da história dela, de como entrou no tiro esportivo, as dificuldades encontradas e conquistas, voltaremos no tempo. Dália Cléa F. de Amorim é formada em Educação Física e trabalhou como personal trainer na área de treinamentos específicos e reabilitações em uma academia, na grande Maceió (AL), por 12 anos. O início dela no tiro esportivo foi em 2015 por meio de uma divulgação no local onde trabalhava. [caption id="attachment_4121" align="alignleft" width="170"] Dália Amorim. (Foto: Marcelo Murbach)[/caption] “Enquanto aguardava um aluno, fui ao bebedouro e deparei com um folder. Nele estava escrito sobre um campeonato de carabina de ar que seria realizado no final de semana. Logo abaixo havia um asterisco que chamou minha atenção. Dizia que o evento seria aberto ao público. Convidei a minha cunhada, uma amiga e fomos. Lá participamos, foi legal e tivemos a honra de conhecer o presidente da Federação Alagoana de Tiro Olímpico, naquela época, Marco Helder”, aponta a Dália. Apaixonada por esportes, a atiradora lembra que o interesse e a curiosidade em aprender sobre o tiro esportivo foi muito importante na etapa inicial. “O esporte sempre fez parte da minha vida. Queria ir além, saber como participar do tiro esportivo com arma de fogo. O Marco Helder nos pegou pela mão. Falo que ele foi o meu padrinho. Sentou conosco, explicou sobre as modalidades do tiro e falou sobre os requisitos que precisaríamos preencher perante a lei. A partir daí, me doei para este esporte”, lembra. Nas semanas seguintes, Dália Amorim deu entrada na Polícia Federal para obtenção da posse de arma de fogo, e em seguida, foi ao Exército em busca do Certificado de Registro (CR), com o auxílio do advogado e amigo pessoal, Giovanni Rocalli, que teve grande importância na trajetória da atleta. Contato com armas desde a infância A relação com as armas por parte da alagoana vem de longe. Desde criança, ouvia histórias de um tio que trabalhou na Polícia Militar daquele estado. “Cresci ouvindo histórias de bravura do meu tio coronel da Polícia Militar de Alagoas (PMAL). Minha mãe tinha um .32 quando era jovem, para defesa própria, então, segurança e armas sempre foram assuntos normais para nós. Sempre defendi que todo cidadão de bem precisa ter o direito de se defender, proteger sua família”, destaca Dália. Início no esporte Antes de iniciar no IPSC, Dália Amorim praticou o tiro esportivo na modalidade Duelo 20 segundos, em 2015. “Iniciei no tiro esportivo na modalidade Duelo 20 nas categorias revólver calibre maior, pistola calibre menor e pistola calibre maior com armas emprestadas. Tenho muita gratidão por todos que me ajudaram de alguma forma”, pontua. Duro golpe Em novembro de 2015, quando disputaria a final do campeonato nacional na Academia Militar das Agulhas Negras (RJ), recebeu uma triste notícia. “Disputaria a final do nacional na Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, junto com a delegação do estado de Alagoas, mas no dia da viagem, meu pai sofreu um infarto e infelizmente o perdemos”, recorda a atiradora. Início no IPSC Após a perda do pai, Dália Amorim retornou ao mundo do tiro no início de 2016 e conheceu o Tiro Prático, em especial, o IPSC Handgun. “Fiquei fascinada e minha doação foi cada vez maior, até que em meados daquele ano, decidi me doar por inteiro ao handgun”, enfatiza. Em abril daquele ano, ela participou do primeiro campeonato nacional. “Fui a um estadual na Paraíba e logo após o meu primeiro campeonato nacional realizado na Bahia, tendo a família Cardoso do Top Tiro como anfitriões (tenho um carinho enorme por eles), foi o start da minha trajetória”. Trajetória internacional Em 2017 surgiu a esperada oportunidade de disputar um campeonato fora do país. “No início daquele ano participei da minha primeira prova internacional (Open da ARG), grande aprendizado, era só eu de brasileira no squad. Passei a integrar o Team Tanfoglio Brasil. Foram muitos conhecimentos e até recebi a oportunidade de disputar um mundial. Foi o mundial da França e com o slot de sponsor, consegui uma vaga”, declara a atleta que complementa: “Mais de 1500 atiradores de vários países unidos por esse esporte. Consegui atirar a maior partida do mundo, 30 pistas, 6 dias, um day off e a oportunidade de estar com os melhores ídolos”. Participar do campeonto mundial foi um divisor de águas para Dália. Em 2018 a atiradora foi campeã por antecipação do Campeonato Brasileiro de IPSC Handgun - Divisão: Production/categoria:Damas e, em seguida, campeã no Open, do Chile. Depois mudou de divisão e de arma. “Mudei para production optics com uma CZ Shadow 2 no calibre 9mm. Continuava com uma arma original, porém com um red dot do ferrolho”. Em 2019, Dália Amorim conquistou o campenato Latino Americano de IPSC Handgun. A atiradora finalizou aquele ano sendo campeã brasileira. E as conquistas não pararam! Em 2020, Dália foi vice-campeã na divisão Open no aberto à Flórida/USA. “Infelizmente minha arma não bateu o peso da Carry Optics e tive que ir para Open. Mesmo assim foi uma grande conquista tendo em vista que eu saí com 16 munições, enquanto minhas concorrentes saíram com 28 ou 30 no carregador”, aponta. Naquela temporada, a atiradora conquistou mais um Campeonato Brasileiro, o terceiro seguido. Dificuldades na pandemia A atiradora lembra que a pandemia da Covid-19 dificultou os planos. “Estamos em 2021, um ano muito difícil, assim como em 2020 por conta da pandemia, tive dificuldade de viajar e adquirir os insumos que preciso. Finalizei minhas participações esse ano em nacionais e me tornei campeã por antecipação, tendo também meu melhor desempenho no Overall - geral entre homens e mulheres”, conclui. Benefícios, amigos e o grande amor da vida de Dália Dentro deste esporte, Dália Amorim estreitou laços de amizades com pessoas de todo o Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Uruguai, México, Porto Rico, Austrália, Canadá e EUA. Ela também conheceu o esposo, Aristóteles Sansaloni, parceiro em todos os momentos. Planos para o futuro Visando voos mais altos, Dália Amorim já planeja a próxima temporada. “Meus planos para 2022, com a permissão de Deus, são iniciar o ano no aberto da Flórida nos EUA, disputar o Pan Americano e o mundial da Tailândia”, finaliza.