Tactical Combat

TREINAMENTO QUE DÁ CERTO clube aos fins de semana, ou mesmo um atirador esportivo ativo em competições, certamente, o treinamento faz e fará toda a diferença. Se for um policial, de qualquer corporação, estar pronto no momento oportuno fora do horário ou mesmo em serviço, é fundamental. E existem sim, bons treinamentos que para quem é do mundo do tiro, precisa conhecer. Fomos falar com o experiente instrutor Ricardo Lira. Ele, além de instrutor, também é POLICIAL PENAL no Distrito Federal. Conversamos sobre alguns treinamentos para atiradores experientes e também para aqueles que querem iniciar no tiro. Confira! Como você iniciou no “mundo das armas”? Eu tomei posse na polícia penal em 2009 e sempre gostei de ser policial. A partir disso, fui fazendo cursos de qualificação, de intervenção tática na diretoria penitenciária de operações especiais, que é a unidade a qual eu faço parte. Depois disso, fiz o curso de instrutor de tiro, e aos poucos, fui conhecendo mais o mundo de instrução. Comecei a tomar gosto pela instrução e fui instruir dentro da polícia. Depois, misturei a minha atividade na polícia com a particular, dando aulas individuais. O negócio tomou uma proporção tão grande e inesperada, que montei a minha própria empresa: Tactical Combat. Além de instrutor, você também é atirador esportivo? Sou atirador esportivo, mas eu nunca competi. A minha parte de preferência é a de defesa, então sempre que tem um treino voltado para a defesa, eu participo. Quanto ao IPSC, eu gostaria de ter iniciado nesse ramo, mas ainda não competi. Quais são as armas que você usa no treinamento? Para treinar, gosto de trabalhar com a espingarda calibre 12 e o fuzil, principalmente na plataforma R, aliás, gosto muito dessa plataforma. Aqui na polícia nós utilizamos as armas, mas elas não chegam nesse status que a ArmaLite tem, então, a gente opera muito com a IA2, com MD2, MD97 e as espingardas calibre 12. O que você possui no arsenal de armas pessoais, hoje em dia? Hoje, eu tenho uma Glock 25, uma Glock 19, uma Taurus 24/7 que é do Estado e uma Espingarda Boito, calibre 12 de 14”. Quais são os diferenciais da sua empresa? A Tactical Combat tem abrangência em todo o território Nacional, somos compostos pelo Lira (eu), minha esposa que cuida da parte administrativa e um staff de outros instrutores que me apoiam. A empresa sempre viaja para vários estados ministrando cursos? O clube de tiro é responsável por contratar o serviço da Tactical Combat. Ele escolhe um módulo para nós ministrarmos e o clube vende as vagas para no máximo, 20 alunos por turma. Só que a nossa empresa abraça todo mundo, nós iniciamos com as aulas particulares mediante a uma contratação e o contratante explica se é um iniciante ou se deseja trabalhar alguma habilidade específica, então, quem nunca pegou em uma arma, pode iniciar a partir dessa aula particular. Para a participação em um dos 5 cursos da Tactical Combat, o participante já deve possuir as habilidades básicas do manuseio de arma de fogo. Por exemplo: um participante que queira o nosso treinamento de Pistola, precisa ter noções do manuseio da arma de fogo, pois o nosso curso é mais avançado. Caso o participante do nosso curso seja pego mentindo e não apresente as habilidades pré-estabelecidas, ele é retirado do treinamento por medidas de segurança. Trabalhamos desde a iniciação no mundo do tiro até o aperfeiçoamento de grandes habilidades, seja ele CAC, Policial Militar, Civil ou Federal. Qual é o curso mais procurado? O “carro chefe” digamos assim. O carro chefe dos nossos cursos é o de Combat Veicular, que nos foi apresentado como reação a emboscadas no ano de 2010 em um treinamento da polícia. Esse treinamento consiste em um protocolo para desembarque de veículo e combate em caso de uma emboscada, e assim, surgiu o curso Combat Veicular da Tactical Combat. É muito mais completo e abrange não só o policial, mas o CAC e o policial de folga com a família. Nós apresentamos a parte de balística aplicada a veículos então, tudo aquilo referente a tiros no carro ou do carro, todas as informações sobre os calibres que passam e aonde passam no veículo, por exemplo: O que acontece com o tiro que acerta a lataria do carro, mas não penetra? O que ocorre quando um disparo é feito de dentro do carro e esse projétil atinge o para-brisa de dentro para fora ou de fora para dentro? O início do nosso curso se baseia a partir de contextos armados envolvendo veículos. O instruído tem a orientação de como se portar dentro do veículo e dessa forma, começamos a desenhar os exercícios para gerar segurança no praticante e são exercícios de constante evolução. Outro curso com muita saída é o Tactical Velado. Esse treinamento tem muito a ver com o atirador esportivo e com o policial que estejam de folga, portando sua arma. O Tactical Velado é o treinamento de combate com Pistola a curtas distâncias de forma velada, em que a pessoa está portando a arma escondida por debaixo da camisa em locais como uma farmácia, uma padaria ou uma lotérica e acontece algum fato. Nós apresentamos protocolos de combate e também mudanças comportamentais, dessa forma, instruímos muito mais do que simplesmente sacar uma arma e atirar em um alvo de papel. Aplicamos muita mobilidade, muita movimentação, ensinando também a diferença entre o tiro esportivo e o tiro de combate, que apesar de diferentes, não existe certo ou errado, uma é modalidade esportiva e a outra é a utilização da sua arma para defesa. O Policial, de um modo geral, possui treinamento adequado no Brasil? Existe uma deficiência no treinamento dentro da corporação a qual faço parte, e também, em outras corporações que temos conhecidos. Hoje, a maioria das instituições que fornecem cursos de formação, trabalham um tipo de tiro que não é o que o policial vai realizar em um confronto armado. Em determinado treinamento em um clube de tiro, o instrutor nem sempre contextualiza o confronto, colocando o instruído apenas para atirar de 10 metros, 15 metros, com um olho fechado e o outro aberto e o participante acredita que ao sair estará muito bem treinado, e isso acontece na polícia. Quando chegamos na rua, nos deparamos com confrontos a curtíssimas distâncias, em que não dá tempo de fechar um olho ou de arrumar uma postura adequada e o seu tiro precisa acertar o seu alvo. Essa é uma grande deficiência no contexto de treinamento, seja ele em atividade privada, ou policial. Existe diferença para treinar o atirador esportivo e o Policial? Nós não fazemos distinção nenhuma entre o atirador esportivo e o policial, todos são tratados da mesma forma e recebem as mesmas instruções. Seja o atirador esportivo ou o policial na folga portando sua arma, precisará agir da mesma maneira e a diferença entre eles é que, às vezes, o policial, na sua atividade, não pode se esquivar de atuar. Já o atirador e o policial de folga podem optar por não entrar em um determinado confronto, ou até mesmo entrar. Optando por entrar, será da forma que instruímos no treinamento.